Matheus, aos 10 anos, demonstra um empenho de gente grande. "Senão, eles não deixam os outros jogarem", alega ele, sem desgrudar os olhos da bolinha que corre entre os pés dos pequenos bonecos/jogadores. "Sempre escolho os mais agitados, pra eles sentirem que tem que ter responsabilidade", explica Janaína. No jogo, "roletar" é proibido. Matheus, a qualquer suspeita do ato, logo avisa: "Oh, não roleta, hein?". Quando na caixa de som foi anunciada a hora de ir ao banheiro e beber água, porque o regresso à aula estava próximo, o menino educadamente e sem perder a autoridade que lhe foi concedida, afirma: "Acabou a hora de brincar, dá licença", diz recolhendo a bolinha branca. "Acabou o Totó, vai pra fila", ordena a um aluno que insiste em continuar a brincadeira.
Além de cuidar biblioteca do Orestes e das oficinas de incentivo, Mônica é responsável pelo uso do método com os alunos que frequentam o espaço. Ela explica que saber ouvir é essencial. "Eu ouço o que cada um tem a dizer e depois eu pergunto: você acha que isso foi resolvido da melhor maneira?", conta ela. Para Mônica, muitas vezes a criança não tem necessariamente um problema de conduta, só precisa ter suas energia de sobra direcionadas. "A gente tem que dar conflito pra que nossos alunos sejam capazes de estar resolvendo sozinhos", afirma.
A dupla estava na secretaria do Orestes, prestes a iniciar a cópia de algumas páginas de um livro de ciências - consequência de indisciplina em sala de aula - quando Mônica solucionou o caso. Ambos são agitados e têm um baixo grau de concentração. Porém, quando souberam que iam ajudar na organização dos livros, logo se animaram. "Eles adoram ajudar na biblioteca", conta, "Isso faz com que eles se sintam importantes", diz a educadora, referindo-se aos elogios concedidos a eles pelos próprios colegas. "Estamos brincando de carimbação", exclama Lucas, satisfeito em colaborar.
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