segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mais que bomba

Ao adentrar no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, em Nova Iguaçu, atente para a porta sempre aberta a direita da principal. Lá você encontrará algumas máquinas de escrever, algumas peças curiosas como tijolos e telhas antigas e, provavelmente, boa parte da memória da Baixada Fluminense, concentrada num senhor elegante de nome Ney Alberto Gonçalves de Barros: O "professor Ney".

O historiador, arqueólogo, escritor, compositor e advogado narra a história da cidade, numa verdadeira entrevista-aula. Viaje a 1946:



sexta-feira, 23 de julho de 2010

Nos encontros do Encontrarte

Tiago Costa, por Anderson Arcanjo
A nona edição do Encontro de Artes Cênicas da Baixada Fluminense – o EncontrArte – terá sua abertura realizada no dia 15 de setembro de 2010. Às 20 horas, no teatro do SESC de Nova Iguaçu, o Circo Teatro Udi Grudi, originário de Brasília, fará jus ao tema que abrangerá todo festival: o circo. Embora a data pareça distante, ela já fora planejada e trabalhada pelo mesmo grupo que, em 2002, iniciava os esforços de combate à máxima “a Baixada Fluminense não tem público para teatro”. Claudina Oliveira, Éverton Mesquita, Fabio Mateus, Mário Marcelo e Tiago Costa, produtores do evento desde a edição inaugural, carregam não só as lembranças das dificuldades e vitórias, mas a responsabilidade de fazer parte essencial na história do festival que já mobilizou 60 mil espectadores e 2.000 artistas e técnicos locais.


quinta-feira, 24 de junho de 2010

Contruindo ponto a ponto

Noite de quarta-feira no Espaço Cultural Sylvio Monteiro. Enquanto o teatro estava prestes a receber o público para a peça Orirê, dirigida por Gustavo Mello; e, numa das salas do andar superior, candidatas do concurso Miss Baixada se reuniam; o gestor cultural Egeu Laus recepcionava representantes de Pontos e Pontinhos de Cultura da Baixada Fluminense. “Reunião da Teia Baixada? Assine seu nome, bote seu e-mail e vá chegando!”, dizia, apontando para as folhas de presença dispostas sobre uma mesa, logo na entrada da pequena sala. Os mesmos documentos, catalogados numa pasta de papel, confirmam que os encontros são realizados a cada quarta-feira, há dois meses. Com a imagem acima projetada numa das paredes brancas, a reunião foi iniciada. Trajando uma camisa do Coletivo Anti Cinema, Egeu contextualizou os passos já traçados, a fim de informar aqueles que pela primeira vez se inseriam nas discussões.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Poemas voadores

Alerta aos cidadãos iguaçuanos: Durante o fim da tarde de hoje, estejam atentos ao caminhar pelas ruas da cidade, vocês podem se deparar com um poema caindo do céu! A “chuva de poemas” está prevista para 18 horas, 6 horas após 500 balões de gás hélio ganharem liberdade, numa ação intitulada “Palavras do vento” realizada em frente a Prefeitura de Nova Iguaçu. Nela, uma média de 50 poetas da cidade participam com cerca de 80 trechos, amarrados por uma fita em cada um dos balões coloridos.

domingo, 30 de maio de 2010

Cultura de portas abertas


O Espaço Cultural Sylvio Monteiro foi tomado por poesia, arte e diversidade cultural, num evento que distribuiu atrações durante cerca de 6 horas de programação. O III DIMUA – Dia de Múltiplas Atividades – aconteceu ontem, dia 29 de maio, sob a coordenação de Wilson Pontes, responsável pelo departamento de Diversidade Cultural do Conselho Municipal de Cultura, que reuniu 7 das 22 instituições parceiras na comemoração. Dentre elas, Wilson orgulha-se em contar sobre a Escolinha Sonho de Criança: a primeira escola do Brasil a integrar no calendário festivo as homenagens ao povo cigano, no dia 24 de maio, dia da padroeira Santa Sara Kali. “Nós filmamos, documentamos, vamos mandar para o Ministério de Educação e Ministério de Cultura, pra que a partir do ano que vem as escolas também se sensibilizem no cumprimento da lei, que já está institucionalizada, de fazer a festividade de cigano. As crianças não se pintam de coelhinho na páscoa? Então também tem que saber existe o dia do cigano”, explica Wilson, também representante da Fundação Santa Sara na Baixada Fluminense.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Baixada conectada


Com o intuito de comemorar e pensar sobre o Dia Mundial da Sociedade da Informação, ou o Dia da Internet, um encontro foi realizado na tarde de ontem, 17 de maio, no teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro. O "Eu sou da Baixada, e vc?" reuniu comunicadores virtuais, responsáveis por alguns dos principais veículos de comunicação da Baixada Fluminense, seus respectivos leitores e o público interessado na discussão da temática proposta. A data, estababelecida pela ONU, é comemorada pelo mundo desde 2006 e pela primeira vez ganhou notoriedade em nossa região.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Bons filhos à casa retornam

Em 19 de agosto de 2009, publiqueiuma matéria que começava com a seguinte frase: “Está em processo de edição um curta-metragem que promete revolucionar a filmografia de Nova Iguaçu”. O texto descrevia a produção do curta-metragem “O que vai ser?”, cuja equipe era majoritariamente formada por ex-alunos da Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Nova Iguaçu na Teia

Fotos do arquivo de Egeu Laus.

Um slogan anunciava: “A diversidade cultural brasileira se encontra em todos os pontos”. E todos eles se encontraram em Fortaleza, Ceará, no Centro Cultural Dragão do Mar, para a 4ª edição do Teia Brasil, que uniu mais de 2 mil representantes dos pontos de cultura de todo o país. Durante a realização do evento – entre os dias 25 e 31 de março – foi possível acompanhar em tempo real todos os acontecimentos do Teia, graças aos participantes adeptos ao Twitter e à excelente estrutura tecnológica local. “A rede sem fio era perfeita. Tinha wi-fi direto. Você podia twittar de qualquer lugar sem problemas e sem gastar”, conta Egeu Laus, secretário Adjunto de Cultura de Nova Iguaçu, que manteve informados seus 218 seguidores.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Por dentro do Na Encolha

Ontem conheci de perto o Espaço Cultural Na Encolha. Seguindo a norma de “quem tem boca vai a Roma”, velhinhas e borracheiros foram meus guias pós-consulta ao google. O Sol de uma hora da tarde, que fazia com que eu sentisse a sensação térmica de um frango assado, era vencido pelo pensamento de “vai valer a pena”.

sábado, 13 de março de 2010

Autocriação

A Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu abriu as portas no início dessa semana para um novo semestre de atividades no horário integral. Alunos provenientes das Escolas Municipais Ana Maria Ramalho e Janir Clementino estão distribuídos em quatro turmas, tendo em média 20 membros cada. Na nova metodologia adotada, a ideia do “eu” será desenvolvida por eles durante todo o ano. E a primeira etapa demandou muitos dedos sujos de tintas coloridas e liberdade de criação: era a produção de auto-retratos.

A gente quer chegar em algum lugar, só que antes tem um processo”, principia Veruska Thaylla, coordenadora das aulas do Bairro Escola na ELC. “Eles vem pra aprender cinema, sendo que eles chegam fazendo artes. Queremos linkar todas as coisas com o audiovisual. Não necessariamente já chegar, pegar uma câmera e sair fazendo filme. É toda uma preparação”, explica ela.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Clóvis de calçadão

Matéria realizada em parceria com Marcelle Abreu.
 
No século XIX, foi trazida pelos europeus ao Rio de Janeiro uma tradição carnavalesca conhecida como Clóvis, cujo nome deriva da palavra clown, que significa palhaço. Eram grupos de 2 a 100 pessoas, em sua maioria homens, entre 20 e 40 anos, que na época do carnaval saiam às ruas vestidos com sua fantasias e acessórios para festejarem.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Laboratório vivo

Matéria realizada em parceria com Fernando Fonseca.
Fevereiro de 2010. É neste mês carnavalesco que Laboratório Cultural completa seu primeiro ano de vida, mas o trabalho realizado por essa ONG faz com que todos pensem que ela é uma veterana. Só em Nova Iguaçu o grupo reúne cerca de 40 membros – isto é, sem contar com colaboradores de fora da cidade, que surgiram ao longo da trajetória –, provenientes dos editais dos Pontos de Cultura, dos quais participaram como pessoas físicas. “O Laboratório foi a união de jovens da cidade que pensavam a cultura”, explica Daiane Brasil, 23 anos, uma das raízes do grupo, enquanto ainda eram mediadores culturais do programa Bairro-Escola.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Quintal Chic

Imagens: Mariane Dias.

De quintal a espaço cultural: a história do nº 739, da rua Manoel da Silva Falcão, bairro Califórnia, poderia ser sintetizada assim. Em letras garrafais e coloridas, a frase permitiria visualizar todos os caminhos, escolhas, planos e pessoas que permeiam a trajetória do Na Encolha, para assim revelar o local que, só de forma oficializada, tem 3 anos de existência. “A minha casa sempre foi um encontro de loucos”, afirma Rafael Soares, o Nike – apelido que ganhou aos 15 anos, ainda na escola –, retratando-se em seguida: “Era encontro de loucos enquanto ninguém se entendia como artista”.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Cinema em festa

Em parceria com a Cinequanon Produções, Cineclube Digital comemora um ano de existência, realizando o Sarau Cinematográfico.
por Josy Antunes

 
Para os cinéfilos da Baixada Fluminense, a segunda terça-feira de cada mês é garantida por uma nova programação do Cineclube Digital. A sessão de estreia, que lotou a sala de exibição do SESC Nova Iguaçu, completará um ano no dia 13 de janeiro. A comemoração trará ilustres “presentes” ao público, em oficinas e atrações que se estenderão por dois dias: 12 e 13, uma terça – mantendo a tradição – e uma quarta-feira.
 

sábado, 29 de agosto de 2009

Nos trilhos do cinema

Ex-alunos da Escola Livre de Cinema formam a Decupagem Produções e participam hoje da Mostra Competitiva
Além do conhecimento oferecido na Escola Livre de Cinema, as salas de aula do local parecem propiciar algum elemento que estimula as novas ideias. Tanto que “Trilhos”, nasceu de um questionamento durante uma aula de Mariana Baltar, professora de História e Estética do Documentário. Ela explicava sobre as “Sinfonias”, que eram filmes feitos na época do cinema mudo, por volta dos anos 20, que prezavam, em seus planos, a exaltação do movimento, utilizando um olhar inovador sobre o cotidiano. Em suas exibições, haviam músicos que tocavam enquanto as imagens eram projetadas para o público.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Laura emociona púbçico do Iguacine

Documentário "Um dia de Laura" é exibido na Mostra Encontros
Qual será a sensação de receber a notícia da exibição de seu filme no Iguacine? Pois Luan Felipe, 19 anos, produtor executivo do documentário “Um dia de Laura” passou pela experiência, quando Valquiria Ribeiro, uma das organizadoras do evento, o telefonou. “Disseram que é um filme bom e que ele abriria o Festival. Ainda perguntaram se eu aceitava”, exclama o estudante de administração, lembrando do momento. Da mesma forma, não se pode esquecer do dia em que a inscrição foi realizada, com um certo grau de adrenalina. “O correio fecha às cinco. Quando faltava cinco minutos, do último dia, a gente ainda estava imprimindo os documentos pedidos”, entrega Luan. “Aí eu fui correndo, peguei uma bicicleta emprestada e fui que nem um doido pro correio perto estação. Quase fui atropelado”, conta em meio a risos, ao contrário da tensão surgida ao ver o estabelecimento quase fechando. O material deveria seguir para o escritório da ONG Reperiferia, na Lapa, onde seria realizada a seleção, do qual o crítico cinematográfico Rodrigo Fonseca participava como curador.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Vó Laura

Aluno da Escola Livre de Cinema dirige documentário sobre a vida de sua avó 
Fotos de Bruna Jacubovski e Josy Antunes / Design da capa e convite: Desiré Taconi
O Espaço Cultural Sylvio Monteiro receberá hoje, a partir das 18 horas, em seu teatro, a abertura da Mostra Encontros – uma das primeiras atrações previstas para a grade de programações do Iguacine, o aguardado e anunciado Segundo Festival de Cinema da Cidade de Nova Iguaçu. A citada Mostra inicial tem por objetivo exibir sessões que contenham experiências audiovisuais, além de proporcionar o encontro de seus realizadores com o público, gerando debates.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Além dos muros vermelhos

Grupo de amigos formam a produtora “Por que não?” e filmam o curta “O que vai ser?” em parceria com a Cavídeo
Está em processo de edição um curta-metragem que promete revolucionar a filmografia de Nova Iguaçu. “O que vai ser?” é a primeira produção da “Por que não, Filmes” e a segunda ficção dirigida por Getúlio Ribeiro, um cineasta que, apesar dos exíguos 20 anos, já tem um currículo pra lá de razoável. Somente em 2009, já fez a câmera numa entrevista com João Moreira Salles, fotografou um documentário da UFF (Universidade Federal Fluminense), produziu o curta experimental “Inconstância” e um curta ficcional para a TV Brasil. Se quiser conferir o trailer do curta ficcional, dê um clique aqui.

A ideia para o novo filme surgiu há quase um ano e meio, ao ler um conto enviado por Vampierre, antigo colega de turma da Escola Livre de Cinema. “Quanto eu vi aquele conto, eu fiquei muito admirado”, confessa Getúlio, que logo estava “viajando” nas imagens que a história podia oferecer. Com a permissão de roteirizá-la, passou três dias trabalhando nas cenas. “O meu trabalho foi todo visual”, explica. “Foi escrever coisas visuais e não fazer os diálogos”.

O conto, que também originou um monólogo, narra a história de um personagem que acorda no meio da madrugada sem saber se deve ir beber água ou urinar. Usando uma narrativa de documentário clássico, o curta recorreu a diversos elementos inovadores. Um deles é o momento em que o protagonista Pierre está delirando no quarto e de repente aparece em um banheiro público, ainda de pijama. “Esse roteiro é bem fantasia”, confessa.

Enquanto desenvolvia as imagens para o curta, acrescentou a cena em que Pierre corria livremente num campo verde, segurando uma grande quantidade de balões vermelhos. Enquanto escrevia, Getúlio visualizou um amigo no papel: “Por causa dela eu escolhi o Vitor”, diz, justificando a escolha por Vitor Lopes, que também conheceu na ELC.

Além de aceitar o papel, Vitor foi o responsável pela parceria com a Cavídeo, entabulada durante a recente visita que o produtor Cavi Borges fez ao Cineclube Digital - onde ele anunciou o apoio a produções como a de Getúlio. O ator que daria a vida a Pierre não demorou a ir até Botafogo, bairro da zona sul do Rio de Janeiro em que funciona a produtora. “Na época, ainda não tínhamos o projeto e nem roteiro na mão e ele emprestou assim mesmo!”, declara Getúlio. “Ele é muito gente boa”. Foi durante essa visita que começou a se configurar a participação da diretora de arte Fabiana Bovary, a Bia. Vítor só não confirmou sua proposta de imediato porque estava apalavrado com uma outra pessoa. “Como essa pessoa não confirmou a proposta, mandei um e-mail para a Bia, convidando-a”. O convite foi prontamente aceito.

A decisão havia sido tomada: filmariam no período de 31 de julho a 4 de agosto. A equipe havia sido composta por Elaine Cristina e Bruna Sanches na produção, Vagner Vieira na assistência de produção, Betinho Taconi na continuidade, Marcele Ponte no still e Desiré Taconi na assistência de direção, além, é claro, de Vitor Lopes e Getúlio Ribeiro. Todos eles passaram pelos muros vermelhos da Escola Livre de Cinema.
A primeira locação foi em Santa Cruz da Serra, na casa da família de Bia, rica em detalhes construídos pelas mãos do pai e onde predominava o verde, num tom semelhante ao chroma key. “A Bia é excelente”, afirma Getúlio. “Era muito engraçado porque, embora ela já tenha até filme com película no currículo, ficava mais nervosa do que eu”, lembra ele, rindo. Ainda hoje o diretor acha graça dos dias em que a moça chegava dizendo que não conseguira conciliar o sono.

Na casa, seriam filmados o quarto e o banheiro do personagem. As filmagens duraram nada menos que 13 horas, em sua maior parte gastas com a iluminação, posterior ao trabalho de Bia com o cenário. “Foi muito pauleira, no final tinha gente já muito estressada”, conta o diretor, sobre a noite em que pernoitaram por amor ao cinema. Nesse dia, a equipe contou com o auxílio de um VT, improvisado com uma pequena televisão encontrada no local. A estratégia foi de grande utilidade, pois o visor da câmera usada estava ruim. “Eu não confio muito no visor, mas ele seria uma tela maior pra reparar nos elementos de quadro. Isso foi um problema muito grande”, explica o diretor.

A cada plano filmado, um novo desafio. A cena seguinte foi a do banheiro, que precisava de um aspecto de noite, quando o Sol já estava quase ganhando o céu, o que exigiu muita agilidade. O quadro, todo em contraluz, foi uma nova experiência para Getúlio. Para complicar ainda mais a situação, a ausência de um parafuso no tripé roubou-lhe a estabilidade. Portanto, era preciso grande discernimento na escolha do posicionamento da câmera, pois ele não poderia ser trocado durante a cena – ou firmeza nas mãos, para conduzi-la sem o uso do equipamento. “Se a gente mexesse um pouquinho durante a gravação, a câmera balançava, podia ficar inclinada”, exemplifica. “Foi o dia que levou mais tempo, mas que teve um dos melhores resultados”, garante Getúlio, após já ter assistido às fitas com os arquivos brutos.

No domingo, dia 2, a equipe rumou para Santa Rita, onde fica a casa de Marcele Pontes. No local, a cozinha se transformaria em set de filmagens, iniciando o processo por volta das 14 horas. Lá perto, podia ser avistado um belíssimo campo verde que, embora ninguém soubesse como chegar lá, foi logo cogitado para a cena do dia seguinte. E por que não? No dia seguinte lá estava a equipe, portando 25 balões de gás, colorindo ainda mais o ambiente.

A estudante de produção Elaine Cristina, 19 anos, não demorou a sacar o celular para conseguir as locações e transportes para o dia posterior: o teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro, para onde uma geladeira cenográfica deveria ser levada, e um dos banheiros da Universidade Estácio de Sá, Campus Nova Iguaçu. “No último dia a gente não tinha tempo pra nada. Todas as locações tinham tempo contado”, conta Getúlio. Ambos os locais disponibilizaram apenas 3 horas, incluindo a preparação, a filmagem e a desprodução.

Dentre os inusitados planos de câmera usados no curta, destaca-se um: a geladeira, com um corte em forma de quadrado em seu fundo, cedia espaço para que a lente da câmera captasse a imagem de seu interior. Mostrando a visão que teria um alimento guardado dentro dela, por exemplo, se ele possuísse olhos. “O mais sinistro dessa cena não é a geladeira, mas ela é um plano sequência que é filmado dentro de um teatro”, analisa ele, que contou com a colaboração dos pais de Desiré e Betinho Taconi, que cederam e personalizaram o eletrodoméstico. Na cena, Pierre abre a porta, enche um copo com água e se dirige pra um ponto onde surge um foco de luz e, a partir de então, a imagem continua a prosseguir sem cortes. “Na época que eu coloquei isso no roteiro, eu achei que era impossível de ser feito”, confessa Getúlio, que fez das imagens uma experimentação e uma quebra de estereótipos de que aqui, na Baixada Fluminense, certas coisas são impossíveis. Essa lógica segue a linha de pensamento que nomeia a produtora que formou com a equipe: “Por que não, filmes?”.

A escolha pelo teatro substitui a necessidade de um estúdio e de equipamentos, ainda inacessíveis, de iluminação. O plano sequência foi, sem dúvidas, o preferido do jovem diretor. “Isso pra mim foi: a gente tá fazendo cinema de verdade”, exclama. Após seguirem para a Estácio, filmando rapidamente o que era necessário no local – com direito a participação na atuação de Getúlio, Vagner e Betinho – ainda sobrou tempo para a realização de um vídeo, que surgiu como uma comemoração para o trabalho realizado nos dias anteriores. Nele, com o auxílio da edição, haverá a impressão de que todos da equipe adentram em uma das divisões do banheiro e, igualmente, saem por outra portinha, num ritmo bem humorado.

“Ainda temos um bom caminho pela frente até o curta ser finalizado”, adverte Getúlio, “Temos ainda que fazer o primeiro corte, ir pra estúdio fazer a gravação da voz do Vitor, trilha sonora e mixagem de som. Enquanto isso as imagens estão sendo tratadas”. A previsão de estreia para o filme é outubro, quando já tem local certo para exibição: no Cineclube Mate com Angu, em Caxias, na sessão “Catapulta”. Podemos aguardar.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Improviso no escurinho

Cine Digital de agosto traz um dos maiores repentistas brasileiros para mostrar cultura popular
Há oito meses uma turma vem mostrando sua identidade no cenário audiovisual de Nova Iguaçu. Eles têm entre 18 e 26 anos e, agregando saberes sobre música, fotografia, produção cultural e design, formam a produtora Belê Filmes. Uma das ações do grupo é o Cine Digital, uma parceria com o SESC de Nova Iguaçu, que toda segunda terça-feira de cada mês exibe filmes gratuitamente, sempre às 19 horas.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Movida pela arte

Perla Cordeiro arrancou risadas e aplausos na oficina de contação de histórias
por Josy Antunes
Segunda-feira, 4 de agosto, primeiro dia da formação dos mediadores do Bairro-Escola, no auditório do Escola Municipal Monteiro Lobato. O grupo “Te conto umas...” entra em cena às 11h, logo depois da oficina do secretário de Cultura e Turismo, o escritor e cineasta Marcus Vinícius Faustini. O trabalho do grupo se estende até o fim da tarde, com uma breve pausa para o almoço.

É na volta do almoço que alguns mediadores começam a colocar em prática a dinâmica proposta pelo “Te conto umas...” Essa dinâmica consistia em separar os cerca de 50 mediadores presentes em grupos de três, posicionados no centro da grande roda formada pelos companheiros. Esses trios, divididos em um narrador e dois personagens, contavam a história contida nas folhas que haviam acabado de receber.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Paixão por arte-educação

Mediador cultural, poeta e arte-educador conta um pouco de seu trabalho no Bairro-Escola
Há um ano e meio, a Escola Municipal Orestes Bernardo Cabral, em Vila de Cava, conta com a presença do mediador Márcio Rufino, que trabalha de "braços dados" com as oficinas de Incentivo à Palavra, realizadas por Mônica Paulucio. Até então, as atividades realizadas basearam-se nas histórias populares, onde o acervo de livros da sala de leitura e muita criatividade colaboraram fundamentalmente. O mediador se mostra satisfeito com o trabalho já realizado, cujos resultados podem ser auferidos pelo interesse cada vez maior das crianças pela leitura.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Vestindo a camisa

Luana Garcia conta as dores e as delícias da vida de atleta
Foi numa das visitas que o técnico João Luíz Gomes da Silva e sua esposa Martinha Gomes fizeram à Escola Municipal Orlando de Melo, no bairro da Posse, que os panfletos distribuídos chegaram às mãos de uma das meninas que hoje brilha na equipe Impacto, já pentacampeã na categoria livre do basquete intercolegial. Luana Garcia, na época com 14 anos, demonstrou um interesse imediato e uma empolgação comum aos jovens que buscam novas experiências. "Eu não levei muita fé, porque eu nunca pensei na minha vida em jogar baquete", admite ela, hoje com 17 anos.

Nas aulas de educação física na escola, Luana participava de todas as atividades, jogava de tudo um pouco. Porém, até então nenhum esporte em especial havia conquistado sua preferência. Depois de convencer sua amiga Andressa a participar com ela, o primeiro treino já estava estabelecido para a primeira terça-feira após a decisão, que foi conciliada com as aulas de inglês, às segundas e quartas. "No primeiro dia de aula eu cheguei perdida, não sabia como arremessar, e nem como pegar na bola", lembra a jovem. Jamais faltou aos dois treinos semanais, que aconteciam no SESC de Nova Iguaçu, esforçando-se para acompanhar o ritmo das outras meninas.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Para seu próprio bem

Técnico João Luiz faz o estilo paizão das meninas que estão representando Nova Iguaçu nos Jogos de Inverno  
No sábado, dia 18, o amanhecer trouxe um grande grupo de jovens agasalhados para a entrada da Vila Olímpica de Nova Iguaçu. O ponto de encontro foi estabelecido para aguardar o ônibus que os levaria para o Ginásio Pedro Jahara, conhecido como "Pedrão", localizado na cidade de Teresópolis. Às 7 horas, o veículo já dava sinais de sua partida, com as portas abertas recebendo os atrasados. Uniformes, caixas de lanche, câmeras nas mãos, bolas e muita empolgação embarcaram para a viagem - que duraria cerca de duas horas - junto com treinadores e os jogadores que disputariam, no masculino e feminino, as seguintes categorias: Sub-17 e adulto.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Agite antes de usar

Bagunceiros da Orestes Bernardo Cabral ajudam a manter a ordem
A Escola Municipal Orestes Bernardo Cabral tem um método inusitado de lidar com os alunos "bagunceiros". Na escola, localizada em Vila de Cava, os educadores são instruídos a reverter toda a agitação desses alunos em atividades que os levem a refletir sobre suas atitudes, além de beneficiar a própria escola. Como no caso de Matheus Mendonça, que teve seu dia de juiz de futebol ao ser escolhido para ajudar no controle do recreio. Funciona da seguinte forma: a coordenadora de turno - no caso a professora Janaína Cavalcanti Mendonça - escolhe um aluno para auxiliá-la durante o momento mais eufórico do dia, no qual, além da merenda, recreações diferenciadas são realizadas conforme o dia da semana. O mini-coordenador de turno auxilia batendo a corda para as outras crianças pularem, ajudando a controlar as filas, as partidas no Totó, entre outros.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

As aventuras de Elion e seus amigos

Jovem aluno da ELC surpreende com personalidade, histórias e desenhos
“Era uma vez, em Nova Iguaçu, uma criança chamada Elion...”. É assim, como em contos de fadas, que se inicia um dos inúmeros episódios de uma série que tem feito sucesso entre alunos e professores da Escola Livre de Cinema, em Miguel Couto. A autoria fica por conta de um mini desenhista – “mini” na idade, não no talento – de apenas 9 anos de idade: Elion de Lima Silva, que há pouco menos de 6 meses adentrou, pra ficar de vez, no prédio das paredes vermelhas.

A vontade de ser um dos alunos da escola já perdurava por 2 anos, mas, devido à grande procura, conseguir uma vaga era muito difícil. Raquel Andrea, mãe do menino, lembra-se da vez em que uma reportagem sobre a ELC passou na televisão, deixando Elion ainda mais empolgado: “Essa é a escola em que vou estudar”, exclamou com firmeza.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Férias de verdade

Trinta mil crianças participarão da segunda edição do "Recreio nas férias"
Todo ano é a mesma coisa: a classe média festeja a chegada das férias escolares, durante as quais os estudantes podem ir para a casa de um parente, ir a uma colônia de férias ou curtir as modas de verão. Mas as famílias pobres não sabem o que fazer com os seus filhos, praticamente mantidos em cárcere privado enquanto os pais trabalham. Para contornar esse problema, 86 escolas municipais de Nova Iguaçu abrirão suas portas a partir da próxima semana para receber 30 mil crianças em horário integral.

Esse projeto, chamado “Recreio nas Férias”, é o resultado de um projeto do “Segundo Tempo”, um programa do Ministério de Esportes em parceria com a Prefeitura de Nova Iguaçu e o Projeto Bairro-Escola. Ele começa na próxima segunda-feira 26 e se estende até o dia 6 de fevereiro, no horário integral. Haverá atividades lúdicas, esportivas, artísticas, culturais, sociais e turísticas.